"PALAVRAS NÃO SÃO A ÚNICA MANEIRA DE SE DIZER ÀS PESSOAS O QUE SE QUER DIZER."

14 dezembro, 2009

Viagens

É difícil viajar sem deixar um pedacinho de nós para trás. É impossível esquecer momentos bons, pessoas e bichinhos que amamos. Sinto como se eu deixasse a minha alma para trás toda vez que sou obrigada a viajar e ir para outro lugar, mesmo sabendo que voltarei em breve. Claro que, ao viajar, ocorre uma dicotomia estranha, deixar quem amo para ver quem amo. É sempre uma mistura de alegria e tristeza, felicidade e dor. Vontade e insegurança, desejo e retenção. Sempre sinto esta dor, e me pergunto quem não sente? É como se eu vivesse duas vidas distintas! É estranho, é inquietante, é doloroso, é duo, é divisório...

22 outubro, 2009

Destino?

O que determina o destino?
Essa pergunta soa um tanto estúpida, quando os céticos e a maioria absoluta tentam entender o destino como algo que não podemos controlar. É estranho como a sabedoria popular diz coisas que fazem tanto sentido e ao mesmo tempo não diz nada. Por outro lado é ainda mais estranho como a sabedoria popular consegue dizer tantas verdades, mesmo que para o entendimento da maioria seja distorcido para que o sofrimento não os atinja.
É muito mais simples tirar toda a responsabilidade de nossas ações, de nossas mãos e as jogar nas mãos do destino. Fazemos escolhas, mesmo que não saibamos em que elas podem acarretar.
Essa é uma verdade tão simples e que é tão distorcida. Essa é uma verdade que muitos não querem aceitar e entender.

Dizer que o destino depende de nós mesmos seria destruir a existência de Deus?
Essa é outra pergunta que mesmos os céticos não deveriam se atraver a responder, afinal o seu sentido exato é: Deus existe e é "maior" que nós aponto de apenas sermos seus brinquedinhos?
Com toda certeza a resposta é não.
Mesmo que ele exista, ele não brincaria com sentimentos tão nobres, sentimentos que nos fez sentir. Mesmo que ele não exista, e queiramos fingir que sim, isso não apaga a nossa capacidade de pensar sobre o que fazemos. E mesmo que ele não exista e saibamos disso, não podemos esquecer que somos capazes de contribuir para tantos eventos que ocorrem ao nosso redor, que seria estupidez pensarmos só em nós mesmos. E ainda, mesmo que ele exista e saibamos, não devemos pensar que ele nos dará sempre o melhor sem esperar que lutemos por isso, ou que ao menos mereçamos isso.

Somos responsáveis por nossas ações, por nossas escolhas, e somos responsáveis por nosso destino mesmo que ele seja aberto e entregue às estrelas através do acaso. O acaso de nossas possibilidades é sempre aberto por uma de nossas escolhas que foi realizada anteriormente.

Somos tão capazes de tantas coisas. Mas somos tão frágeis. Sempre é mais fácil acreditar que tudo aconteceu porque outro escolheu por nós; e é sempre mais fácil dizer e aceitar "que assim é que tinha que ser".

Quando colocamos as coisas dessa maneira tiramos o que de dívino temos em nós.; o que de mais próximo temos com os deuses. Quando nos tornamos pequinininos diante do sofrimento que a vida nos impõe à todo momento, e numa atitude deixamos tudo na mão do que chamamos de destino, acabamos com o que de mais esplendoroso nos torna o que somos.

É mágico pensarmos que existe algo além, mas é ainda mais mágico pensarmos que esse algo foi capaz de deixar o teatro seguir seus atos conforme o texto que nós mesmo escrevemos.


Deus seria então o espectador da obra de arte que ele mesmo criou?
Eu diria que Deus é o diretor. Ele rege a vida, mas sem interferir na atuação, ou no papel do personagem na história. Deus só lança as sugestões (possibilidades), para que nós, através de nossos próprios instrumentos e características, possamos atuar de maneira graciosa no teatro do tempo e do universo.

Tomar em nossas mãos o que somos é algo tão difícil e intenso.
Tomar em nossas mãos o que fazemos como nossa responsabilidade é muito pesado.

Mas ainda assim, tomar em nossas mãos o que nos cabe dizer as estrelas é intransferível.
Encontrar as estrelas é abrir a clareira entre as nuvens;
É fazer cada gota de chuva seguir o seu curso até o solo e molhá-lo.
É fazer florescer cada grão que foi germinado.

O que devemos dizer às estrelas é intransponível.
Tocar as estrelas é seguir o curso do rio.
É o vento levar as flores, folhas, pólen e poeira para qualquer lugar indeterminado.
É destinar os olhos para que vejam o ser.



21 outubro, 2009

Indecisão - o nada

É estranho pensar nos dias que passam,
É tão inexplicável falar sobre o tempo.
Não quero notar as diferenças,
Quero entender as transições.
Escolhas perseguem-me,
Sonhos me confundem.
O devir nunca pára,
A angústia grita.

31 agosto, 2009

O que é ensinar Filosofia? Uma maneira de se ensinar a pensar o mundo.

É engraçado começar um texto que vise dizer o que é Filosofia e qual sua função de maneira geral na sociedade e no ensino, afinal confunde-se muito a Filosofia propriamente com “filosofia de vida”, ou seja, confunde-se o que se estuda em uma faculdade de Filosofia com o que costumeiramente as pessoas chamam de filosofia. Poderia aqui fazer uma distinção entre Filosofia com “F” maiúsculo e filosofia com “f” minúsculo. Mas como fazer essa distinção? Seria trivial apenas explicar que a Filosofia com “F” maiúsculo é a que se ensina nas universidades e a filosofia com o “f” minúsculo é o que a sociedade costuma chamar de “filosofia de vida”, assim como alguém que diz: — Minha Filosofia de vida é manter-me saudável, comendo apenas coisas naturais e na medida exata. Porém exatamente por se ter essa distinção como recorrente na sociedade é que muitos alunos chegam às universidades para aprender Filosofia acreditando que as “aulas” seriam bate-papos e devaneios sobre qualquer tema aleatório, ou ainda buscando de maneira geral um “sentido para a vida”.
Entretanto, o que se ensina nas universidades, ou seja, nas faculdades de Filosofia é o que os grandes filósofos disseram sobre determinados temas que construíram a nossa vasta biblioteca do saber. Todo saber cientifico teve certa influência filosófica no decorrer do tempo; por trás das grandes invenções, estudos e descobertas houve uma teoria filosófica que debatesse e tentasse dar conta de tais. O que ocorre, no entanto é que as pessoas chegam às aulas de Filosofia sem saber que se lêem textos de difíceis compreensão e escrita, de temas que muitas vezes não nos chamam a atenção, como o conhecimento, o ser, o belo, o bom, porque de algum modo não possuem uma serventia imediata (práxis), mas apenas discussões teóricas, ou em outras palavras construções de cenários que visam explicar as coisas e conceituá-las. Temos aqui uma grande confusão que perdura desde muito, essa confusão diz às pessoas que nunca tiveram contato com a Filosofia que expressar a opinião (doxa) é fazer Filosofia.
Mas depois de determinar o que seria a Filosofia, ou seja a Filosofia do mundo acadêmico e dos grandes filósofos, temos ainda outra preocupação um tanto grave: temos que ainda dividir essa conceituação em dois outros conceitos, assim sendo a Filosofia diferencia-se do que se costuma chamar de filosofia, porém ainda existe uma diferença entre Filosofia e a Filosofia acadêmica, ou em outras palavras Filosofia e História da Filosofia. Essa diferença surgiu com o decorrer do tempo, em que se criou uma tradição de se ensinar nas universidades o que os grandes filósofos disseram e escreveram e de se trabalhar com os conceitos por eles apresentados. Obviamente se faz necessário apresentar a História da Filosofia para que os nossos estudantes não pensem as mesmas coisas que já foram apresentadas pelos grandes filósofos, porém isso não seria apenas ensinar História da Filosofia e não Filosofia?
Seria interessante buscar trabalhar com a História da Filosofia a fim de que se pudesse fazer os alunos pensarem por si mesmos, e desta maneira chegar aos conceitos que os grandes filósofos apresentaram: se faz necessário percorrer o mesmo caminho feito conceitualmente que os grandes filósofos fizeram, mas usando da História da Filosofia como instrumento do ensino da Filosofia como maneira de pensar, argumentar e perceber. Filosofia seria então pensar criticamente sobre o que percebemos; seria perceber, refletir, conceituar e criticar tudo que percebemos de maneira concisa e inteligente, logicamente coerente.
Tendo buscado fundamentalmente o que de fato é Filosofia e de certo modo como e o que devemos ensinar, fica a pergunta: o que ensinar sobre Filosofia fora das universidades, ou seja, nas escolas? O que ensinar sobre Filosofia aos nossos adolescentes e crianças que estão em nossas escolas? Visto que a Filosofia tem como tarefa apresentar de certa forma a história do conhecimento, e também ensinar o aluno a “pensar” no mais restrito do termo, não se pode jogar nas mãos da Filosofia a tarefa de “educar” o pensamento dos nossos alunos juvenis. Ela tem sim uma responsabilidade muito grande na educação conceitual de nossas crianças e adolescentes, mas deve antes de qualquer coisa ser um instrumento junto às outras disciplinas para que se possa aumentar a capacidade e entendimento de mundo, além de facilitar o convívio social e mundano que terão em nossa sociedade contemporânea. Temas como preconceito, sexualidade, diferenças Religião, Ciência e Filosofia, direitos e deveres do cidadão frente à sociedade devem caminhar em conjunto com a história universal em História, a geografia local em Geografia, a Teoria dos conjuntos na Matemática, a Mecânica newtoniana em Física, a Lei de conservação de energia em Química, a análise sintática em Português.
Ensinar a pensar não é só tarefa da Filosofia, e ensinar nossas crianças e adolescentes o que os grandes filósofos disseram assim como se faz nas universidades seria uma tortura mental e um desleixo com a necessidade de estimulo intelectual e criativo. A Filosofia nas universidades, assim como já foi dito, deve estimular seus alunos a criar e pensar por si mesmos com o auxílio da história, bem como o ensino nas escolas deve estimular as crianças a se tornarem mais cientes do mundo em que vivem e dos problemas que a sociedade possui, e desta maneira refletir e conceituar coisas que serão necessárias para sua própria vivência.
É fato que os assuntos tratados pelos grandes filósofos e também nas universidades são complexos para serem trabalhados nas escolas, porém nada impede que com o auxílio das outras disciplinas se introduza assuntos que também carecem de reflexão filosófica, porém mais sutis, e assim se crie e transforme nossos adolescentes em pessoas mais críticas e mais conscientes, ou seja, pessoas capazes de terem uma atitude mais reflexiva sobre o mundo e a sociedade. Ensinando desde já aos nossos adolescentes e crianças a pensar criticamente o mundo em conjunto com as disciplinas ensinadas nas escolas, os tornam aptos a pensar o que é pensar o mundo nas universidades não importando que curso e profissão que seguirão.

13 agosto, 2009

Filosofia da Educação

Na primeira aula de Filosofia da Educação o professor propõe duas perguntas, sendo elas:
1- O que é Filosofia?
2- O que seria, então, ensinar Filosofia?
Pensei um pouco, são duas perguntas complicadas de serem respondidas, mas optei por respondê-las seguindo a minha intuição e o meu amor pelo que estudo. Talvez tenha sido um pouco poética demais, ou talvez até mesmo ingênua. Mas o que respondi foi muito sincero e condizente com a maneira como vejo e tento pensar e fazer Filosofia. A minha resposta foge de alguma maneira ao grande consenso que há sobre o que é Filosofia e o que é ensinar Filosofia; pensa-se logo em História da Filosofia quando se fala em Filosofia, mas não a vejo meramente assim, ela é algo mais, ela significa algo mais, e além disso ensiná-la é ensinar a pensar e a perceber algo mais.
Segue abaixo a minha resposta às perguntas:
"Diz-se que Filosofia é o Amor ao Saber (à sabedoria), quando pensada através do conhecimento comum ou popular e através da etimologia. Muitos dificultam essa definição típica, buscando algo mais complexo. Porém, ainda prefiro definir Filosofia, sim, como Amor ao Saber; afinal fazer perguntas sobre coisas tão elementares como o ser, o conhecimento, a religião, etc., e além disso investigá-las requer ao menos um amor verdadeiro pelo trabalho de investigação, leitura e argumentação em cima das idéias adquiridas e percebidas ao longo do tempo. Além disso, Filosofia pode ser definida através de uma "pragmática filosófica", quero dizer com o termo "pragmática filosófica" o espantar-se com as coisas e conceitos, o estar perplexo diante de, o encantar-se com o mais simples de algo, ou seja, ao "perceber" as coisas procurar o mais elementar e descobrir o mais simples e admirável presente nelas, a fim de conceituar, mostrar e chamar a atenção dos outros diante de tais coisas, para o simples presente nelas: O simples, porém encantador! E assim, para fazer Filosofia é necessário viver o empírico e entregá-lo ao teórico! Depois de tê-la definido desta maneira, posso dizer que ensinar Filosofia, pelo menos para mim, não é simplesmente ensinar a compreender um texto, ou perceber um erro dentro de um conjunto argumentativo. Ensinar Filosofia é plantar e semear a semente da perplexidade, e conseguir fazer o próximo perceber a mágica que há nas coisas e construir idéias e conceitos sobre tais coisas, mas visando sempre o "encantar-se" que a coisa nos dá ao se desvelar diante de nossos olhos. Ensinar Filosofia é conseguir transmitir o amor ao conhecimento e à percepção das coisas, transformando uma cadeira em não apenas uma cadeira, mas na CADEIRA!"

05 agosto, 2009

Impotência do querer e a força da ambigüidade

É estranho falar sobre certas coisas,
E é ainda mais estranho expor certas idéias....
Sinto-me tão só e tão perdida dentro do meu mundo...

Às vezes me pego olhando as estrelas
No entanto não vejo nada
Às vezes me pego brigando comigo mesma...
E não entendo,
Eu não consigo decifrar

Está muito além de palavras
Está muito além de gestos
São coisas que não consigo exprimir
Apenas o olhar pode entender...

Eu vejo coisas que não queria ver
E penso coisas que não queria pensar...
Entendo coisas que não queria compreender
E a realidade se torna tão dura
E às vezes parece que eu a quis assim...

Às vezes sinto que eu busquei tudo que está ao meu redor...
Às vezes eu quero que seja assim
E apenas às vezes eu percebo que nada é assim
E então algo toma conta de mim

Doce angústia perceber o acaso
Doce angústia perceber o real
Doce angústia perceber a impotência
Doce angústia perceber o mundo

E nada mais depende de nós...
E nada mais faz parte de nós

03 agosto, 2009

Novo semestre

E mais um semestre de aula começa. Numa tarde de sol muito bonita num dia de inverno, notamos muitas pessoas andando de um lado para o outro, o reencontro de amigos, sorrisos e bobagens à serem ditas. Vemos também notícias trágicas, professores com cara feia e com pouco ânimo, bem como os funcionários variam desde sorrisos empolgados à total má vontade.
Este é um novo dia de trabalho, um retorno das férias. Um dia em que as responsabilidades batem à porta, mas a preguiça e o aconchego das férias jogam uma corda e nos prendem. Eis aqui o que nos resta: a duplicidade! A duplicidade entre a calma e o tédio das férias, e o agito e o trabalho da volta às aulas.

23 julho, 2009

Os casadinhos

O que seria de um pacote de biscoitos caseiros do tipo casadinhos, se não fosse exatamente 2 biscoitos feitos de sei lá o que, e uma gosminha que chamamos de goiabinha?
Pois bem, profanaram o pacote de casadinhos!! Veio um não-casado! Um separado ou solteiro. Entendo que por ser um pacote de casadinhos, deve ser um separado, pois deve ter perdido o seu par por aí, em meios aos desvios da vida. O que antes se chamaria de defeito de fábrica (mente pensando: fábrica? mas não eram biscoitos caseiros?), hoje, podemos chamar de sinal da decadência do ser! Heidegger deve estar se revirando no túmulo e dando risada da minha cara! A confirmação de que o mundo é manualidade veio através dos casadinhos! O instrumento biscoito casadinhos quebrou (falhou) e eu me dei conta do que são de fato casadinhos! E hoje, como o mundo é egoísta e solitário, nada mais normal que vir um des-casado num pacote de casadinhos! Até os casadinhos não podem mais vir casados, minha mente insana já imagina pacotes de casadinhos separados, assim como parte dos casais hoje existentes!
Afinal para quê produzir pacotes de biscoitos casadinhos, se nem os casais são mais casados? (essa deve ter sido a fonte inspiradora dos biscoitos, não?) Os casadinhos hoje são separadinhos! Será então que a fábrica não errou? Será que o pacote não foi profanado, mas sim sacramentado?

22 julho, 2009

Tornar-se

Em alguns momentos nos pegamos revirando coisas aleatórias do passado. Poderíamos chamar estes momentos apenas de melancólicos ou saudosos. Tão doce é sentir o saudosismo! No entanto ao revirar o passado nos lembramos do que fomos, e afirmamos o que nos tornamos. Não podemos apagar o passado que vivemos, e tão pouco podemos mudar as experiências e aprendizagens que constituímos dele. Mas o que me chama mais a atenção ao pensar nas coisas passadas é como mudamos, como as transformações se deram. Os gostos não são mais os mesmos, mudaram desde livros e músicas favoritas à tipos suportáveis de atitudes. Mudaram desde de modos de se vestir até modos de se portar. Mudaram desde o que você mesmo espera (exige) de si mesmo até o que espera do outro. Mudaram as expectativas, as maneiras de pensar e ver o mundo. Quando percebemos isso nos damos conta que crescemos, evoluímos ou não. Evoluímos se mudamos pra melhor ou des-evoluímos se mudamos pra pior. Algumas pessoas se tornam mais malandras, outras com mais caráter. Umas se tornam mais malandras porque simplesmente não sabem lidar nem com elas mesmas, então lidar com o outro se torna um sacrilégio. As que adquirem mais caráter aprenderam a se conhecer melhor e se tornaram mais tolerantes; aprenderam a ver as coisas se colocando do lado de fora da situação, e portanto, possuem um juízo mais autêntico. Acredito que uma conclusão simples que é possível de se tirar é que não é as coisas que se vive durante a vida que nos torna melhores ou não, mas sim como lidamos com as coisas que vivemos. Devemos acreditar na mudança, tudo muda, tudo se transforma, tudo se torna, mas mesmo estando expostos às contingências, a escolha diante das possibilidades abertas cabe à nós. As mudanças abrem as possibilidades, quais possibilidades foram abertas isto está entregue ao acaso, mas fazer das possibilidades a sua realidade, isso só depende de você.

21 julho, 2009

Surpresa!

A quietude que acalenta a alma,
a fuga para dentro de mim mesmo.
A necessidade da natureza,
a necessidade da convivência,
a necessidade de estar entre,
mesmo estando no nada!

Vazio! Cheio!
Estamos cheios de sensações...
e estamos vazios diante dos outros.
Estamos vazios de sensações...
e estamos cheios diante de nós mesmos.

Angústia! Piedade!
Dentro de nós a angústia que nos enche.
Dentro dos outros a piedade que nos perdoa.
Fora dos outros a realidade que nos condena.
Fora de nós a imagem que nos abraça.

Surpresa!
Causadora de angústia
e causadora de piedade.
Surpresa!
O vazio está dentro do cheio.
E o cheio está dentro do vazio.
Surpresa!
O cheio está fora do vazio.
E o vazio está fora do cheio.

Surpresa!
A realidade surpreende
e nos engana com suas imagens...
A realidade nos angustia
e gera a piedade...
A realidade é cheia,
e vazia ao mesmo tempo;
A realidade de nós mesmos...

20 julho, 2009

Das relações humanas

Não acredito que o que vou escrever aqui dê conta de todos os tipos de relações humanas, e muito menos que seja possível abarcar todos os tipos de exceções existentes nas relações humanas. Aqui apresento apenas um ensaio sobre algumas impressões que as relações de modo geral têm me passado. Para tanto parto de um dos pré-socráticos: Pitágoras, o pai do dualismo.

Pitágoras coloca o número na essência das coisas, cria o dualismo, no qual para se ter o próximo (o segundo) elemento é necessário se ter o primeiro, gerando uma tensão entre os dois princípios. Desta maneira, tudo é Um, e se tudo é Um, o Um já é o Dois, pois a díade só existe porque existe a monada, mas na monada já está implícita a idéia da díade. Portanto, a díade que a monada é, é intrínsecamente a díade. Sempre em cada um deles haverá a presença de cada outro. Visto que, se o Uno é, ele já é o infinito e o múltiplo, mas não é apenas a reiteração do Um. O Uno não poderia ser o múltiplo, afinal o Todo também o é; e nem poderia ter uma relação com ele mesmo, pois ele mesmo seria o Duo. Contudo, o Uno é Todo, e portanto é Múltiplo, pois para ser o Uno absoluto ele deveria ser nenhum, e partir do Uno que existe já afirma que ele é, e assim sendo, ele já é Duo.



Vejamos os 10 pares de opostos (contrários):

1-Limite / Ilimitado
2-Ímpar / Par
3-Um / Múltiplo
4-Direita / Esquerda
5-Masculino / Feminino
6-Quieto / Em movimento
7-Reto / Curvo
8-Luz / Trevas
9-Bom / Mal
10-Quadrado / Oblongo



Desta maneira, depois de explicitar a teoria Pitagórica dualista, e lembrando a lista acima de contrários que ele compôs de "qualidades" que não existem sem seus respectivos opostos, precisamos no reportar para os dias atuais, nos quais as relações humanas são explicitamente compostas de opostos. Usaremos como exemplo disso uma música atual do músico e compositor Paulinho Moska, segue abaixo a letra:

A Seta e o Alvo (Paulinho Moska)

Eu falo de amor à vida,
Você de medo da morte.
Eu falo da força do acaso
E você de azar ou sorte.

Eu ando num labirinto
E você numa estrada em linha reta.
Te chamo pra festa,
Mas você só quer atingir sua meta.
Sua meta é a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.

Eu olho pro infinito
E você de óculos escuros.
Eu digo: "Te amo!"
E você só acredita quando eu juro.

Eu lanço minha alma no espaço,
Você pisa os pés na terra.
Eu experimento o futuro
E você só lamenta não ser o que era.
E o que era?
Era a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.

Eu grito por liberdade,
Você deixa a porta se fechar.
Eu quero saber a verdade
E você se preocupa em não se machucar.

Eu corro todos os riscos,
Você diz que não tem mais vontade.
Eu me ofereço inteiro
E você se satisfaz com metade.
É a meta de uma seta no alvo,
Mas o alvo, na certa não te espera!

Então me diz qual é a graça
De já saber o fim da estrada,
Quando se parte rumo ao nada?

Sempre a meta de uma seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.

Então me diz qual é a graça
De já saber o fim da estrada,
Quando se parte rumo ao nada?

Na música acima notamos explicitamente como uma relação nos dias atuais se dá. As pessoas não mais querem se envolver de verdade, e tão pouco procuram entender os pontos de vista do outro. Esquecem que a única maneira de se conhecer de fato alguém é convivendo e sabendo ser tolerável. Na letra da música um aposta na totalidade e na possibilidade, enquanto o outro se entrega às pequenas partes e insuguranças da vida moderna.


Afinal, porque é tão difícil se relacionar? Esse texto tá parecendo um texto composto de auto-ajuda misturado com Filosofia, esta não é a intenção acreditem! Estou apenas tentando usar a Filosofia para entender os dias atuais, as pessoas e suas relações. Se relacionar tem se tornado cada vez mais difícil, visto que as pessoas tem se tornado cada vez mais egoístas, visando apenas seus próprios interesses. Mas será que não foi sempre assim? Hobbes concordaria que sempre fomos assim, mas que antes não percebíamos. Será que percebendo que o mundo é composto de opostos, e que principalmente não sabemos ceder ao oposto que está em questão, tornamos a convivência muito mais rude e difícil, e ainda, tornamos as relações muito mais liquidas?


Se até Pitágoras compunha o mundo de através de opostos, e os via como inseparáveis, se até mesmo ele compunha o mundo através de uma rede relacional entre o um e o dois, ou seja, trazendo para o ambiente das relações humanas, entre o indivíduo e o próximo, porque não tornar os opostos uma ponte relacional, ao invés de um abismo infinito?


Não quero sugerir nenhuma solução aqui, apenas uma reflexão sobre o assunto. Sugiro que pensem na composição mundana dos opostos composta por Pitágoras e a traga para os dias de hoje num âmbito relacional humano.


Como caracterizar uma relação sem que haja ao menos duas pessoas envolvidas? Difícil, não?

19 julho, 2009

E mais um dia que começa...

Estranho, estava indo dormir ontem pensando a grande finalidade de um blog, pelos termos que usei deveria escrever difícil e apenas sobre Filosofia como muitos esperariam, mas em volta com as dúvidas de sua utilidade me deparei com a "arte da vida" e com a verdadeira contemplação filosófica. Muitos acham que Filosofia é apenas discutir termos e tentar explicá-los da maneira mais rebuscada possível, bem isso é balela! Não adianta escrever difícil e muito menos explicar coisa alguma, se você não é capaz de perceber, de contemplar. Assim sendo, percebi que um blog deve conter desde coisas ínfimas até as mais complicadas, desde coisas feias e estúpidas até as mais graciosas e que expressarão certas vontades e gostos, sustos e espantos! Sim, o que deve ser escrito aqui deve surpreender independete de qual categoria foi encaixado.

Depois dessa pequena reflexão, dormi. Apaguei. Agarrei-me ao sono simples e singelo. Acordei em um pulo! O dia está lindo... O sol resolveu aparecer firme e forte depois de uma madrugada gelada e coberta de neblina. Como não se espantar com tais raios solares? Como não vislumbrar as abóbodas do Sol?! A chuva não dava trégua tinha mais de uma semana, os dias estavam nublados e sem luz, não que estas características tirassem a graça de um dia, ao contrário, muitas vezes um dia nublado e frio gera um clima muito mais harmonioso que um dia de sol em que a confusão de uma tarde na praia impera. Mas hoje, com o Sol dizendo: -Oi! Vim iluminar os teus olhos e te esquentar a pele. Percebo que cada dia tem algo especial, como de fato tem que ser. As pessoas tem o mal costume de não encontrar nada especial em um dia, de nem ao menos se esforçar para procurar e encontrar algo especial. Mas afirmo, e bato o pé diante dessa afirmação, o especial depende apenas dos detalhes, daqueles detalhes que ninguém dá importância!

Passarei meu dia hoje lendo, apenas isso, nada de especial não é? Nem festas, nem bares, nem bebidas, nem família, nem amigos. Mas este dia, este dia tem pra mim algo de muito especial, porque o Sol decidiu aquecer a terra e fazer florecer as flores. Porque a água que caiu e enxarcou o solo vai "alimentar" as flores em comunhão com o Sol. Porque o vento vai soprar no final da tarde e encerrar este dia com classe junto ao pôr-do-sol. Porque este é o teatro da vida!

18 julho, 2009

Apresentação

É estranho começar um blog, mas tenho essa vontade já faz algum tempo. Decidi hoje, em meio ao tédio de estar em período de férias, mas ainda em Florianópolis, tendo de redigir o texto do meu TCC (trabalho de conclusão de curso), começar algo que pudesse expressar um pouco de minhas idéias e de algum modo me manter mais próxima dos amigos que estão longe, ou apenas mantê-los informados das mudanças que sofro a cada dia no meu modo de pensar e como elas vêm-a-ser, ou ainda, apenas escrever o que penso e o que quero, mesmo que estas palavras não sejam lidas por ninguém exceto por mim mesma.
Comentem quando acharem que for necessário, ou quando acharem que será produtivo, ou simplesmente para dizer que gostaram ou não. Ou não comentem, caso essa seja a verdadeira vontade de vocês.
Agradeço desde já a atenção de todos.