"PALAVRAS NÃO SÃO A ÚNICA MANEIRA DE SE DIZER ÀS PESSOAS O QUE SE QUER DIZER."

03 outubro, 2011

Pensamentos

Pensamentos viáveis, pensamentos injuriáveis.
Serenidade, silêncio da dor.
Silêncio, dor manifesta.
Pensamentos serenos, pensamentos dolorosos,
Todos no silêncio da alma.

18 maio, 2011

10 ANOS DE SAUDADES

Hoje uma estranha tristeza tomou conta de mim... Um coração cheio de cicatrizes se mostra numa menina de apenas 24 anos. 
Talvez essa não seja a melhor maneira de mostrar o quanto esses 10 anos que se passaram, deixaram marcas. Certas marcas não podem ser apagadas, e tão pouco podem ser esquecidas. Nos acostumamos a  lembrar apenas das coisas ruins, afinal são elas que nos forçam à crescer, à envelhecer a alma.
Talvez meus olhos já demonstrem o quanto envelheci nesses últimos 10 anos. Humm, é engraçado falar assim: "os últimos 10 anos..."; afinal parece que tenho uns 50 e só tenho 24. Os últimos 10 anos foram a metade de minha pequena existência consciente. A metade de uma existência que como qualquer outra carrega marcas que doem muito... Lembranças belas, felizes que sempre vêem acompanhadas de outras dolorosas...
Como esquece-las? Como viver com elas? Como é possível lembrar de cada uma e não sentir nada? Acredito sinceramente que os últimos 10 anos foram os mais difíceis, e que, é essa fase, por qual passei, que é a mais difícil pra qualquer existência. Nesses últimos 10 anos tive de perder a inocência, encarar dores insuportáveis, cicatrizar feridas e tentar continuar em frente, virar mais responsável... Acredito que por isso se passa de fase como num vídeo game, e se vira adulto... Porque ser adulto é entender que há sofrimentos inevitáveis, sofrimentos que nunca serão apagados por completo, porque já não existe mais inocência, ela foi morta em algum lugar do cominho percorrido... Talvez seja por isso que o amor para o humano é tão importante... talvez seja porque o amor trás de volta à vida um pouquinho daquela inocência trucidada... um pouquinho que havia restado e estava escondido no fundinho do coração, com medo de sair e se ferir, com medo de não sobreviver ao que a vida ainda nos reserva.

Foram tantos momentos que me deixaram marcas... mas quero hoje dia 18/05/2011, relembrar uma momento, um momento que marca enfim o inicio dos meus últimos 10 anos, foi ali que meu pequeno e jovem coração recebeu a primeira e verdadeira marca, talvez a mais difícil e inesquecível devido a minha idade na época:
Com 14 anos, ao voltar da escola conversando com um amigo,  o Faquir, sobre armas, que fez questão de me deixar em casa, resolvi fazer minhas unhas como sempre fazia nas sextas-feiras, mas desta vez não liguei a TV e nem vi o jornal regional... E no silencio de minha casa recebo por volta das 20:30h um telefonema desesperado de meu irmão, dizendo que o ELFO havia se matado... Estranhamente, o Faquir era também era amigo do ELFO, e estranhamente ele morreu com tiros... a morte de um amigo, um amigo que eu admirava muito, por todo seu caráter, amizade e porque não dizer amor? Sim! Ele tinha um amor e uma paixão pela vida que eu admirava muito, seus olhos me diziam isso, e eu desejava que ele continuasse sendo meu amigo, que ele continuasse  sendo o que ele era, uma pessoa tão especial e especial por sua sinceridade e ousadia, por seu amor à vida e às pequenas coisas da vida... ele nunca cometeria suicídio.... Nunca havia visto meu irmão chorar com tanta sinceridade como vi naquele dia... nunca vou esquecer a dor que vi em seus olhos... Depois de um tempo, de um enterro e um velório doloroso, a verdade se desvela... Ele não se matou e nem matou a namorada, a certeza era que a policia havia entrado atirando, por causa de uma situação tão dúbia... Ele havia ido cobrar um colega, ele havia vendido cartas de magic para esse colega, e havia vendido para ajudar a mãe dele... Mas esse colega se recusou a pagar, eles brigaram, e no meio da confusão o colega cobrado,chamou a policia que entrou atirando... O fato é que esse colega negou que conhecia o ELFO, o fato é que ele disse que estava sendo assaltado, o fato é que ele matou um amigo... ele é o culpado por ter mentido ao chamar a policia, e após o ocorrido ainda continuar negando... Droga!! Eles se conheciam, ele haviam realizado juntos um campeonato de RPG no shopping da cidade! E a policia tentou esconder que havia matado dois adolescentes falando de suicídio, mas O ELFO levou 7 tiros e sua namorada, um no olho esquerdo... Nunca vou esquecer que no dia anterior ao ocorrido o ELFO foi até a minha casa, mas não subiu, e nesse dia ele e meu irmão voltaram a se falar... O ELFO havia brigado com meu irmão, pois ele havia visto meu irmão me batendo... grande besteira de irmãos... tentei varias vezes fazer o ELFO falar com meu irmão durante essa briguinha, mas só um dia antes eles voltaram a se falar... só um dia antes... e nesse dia eu não fui falar com ele, e me lembro de ter pensado: amanha falo com ele, estou com preguiça de descer... Não houve amanhã... Mas pelo menos meu irmão e o ELFO retomaram um amizade tão bonita... eles eram quase irmãos, irmãos de coração... e eu me sentia a irmãzinha caçula dos dois, que aprendia com as conversas deles, e que eles juntos me ensinavam muito... O ELFOaté lembrou que eu dava vários cartõeszinhos para a mãe dele... ela havia sido minha professora de educação artística no ensino fundamental... Sempre que ele me encontrava voltando da escola sozinha, ele fazia questão de me deixar em casa, como um irmão faz... como ele fazia com os irmãos dele... sempre o via levando seu irmãozinho pra escola e pra casa... Saudades amigo! Já fazem 10 anos! Saudades... Espero que onde quer que você esteja, estejas feliz e que não fique com estas lágrimas que hoje choro por você, e que muitos devem estar chorando junto comigo, por que são lágrimas de um sincero amor... são lágrimas de saudades, saudades de um amigo muito querido... Sempre que olho pro céu eu tenho a certeza que você é a estrela mais bonita, brilhando pra deixar as noites mais bonitas e doces... Sei que estás olhando por cada um de nós... eu acredito nisso...

02 maio, 2011

Existe a felicidade?


É muito difícil falar de si mesmo sem falar do meio em que estamos.
É muito difícil falar de si mesmo sem ao menos mencionar o fato como as coisas ocorrem e porque estamos sempre dispostos à mudança.
As mudanças ocorrem e muitas vezes nem nos damos conta disso.
O fato é que nos entregamos ao mundo e a vida de uma maneira sublime, que até mesmo os problemas, o sofrer e a dor fazem parte desse se entregar.
O que seria então de nós mesmos senão fossemos constituídos de opostos que se completam e nos complementam? Como seria a nossa vida se não encontrássemos nas adversidades a força para continuar?
O homem sempre buscou a felicidade, mas nunca percebeu que existem momentos que podemos chamar de momentos de veras felizes. O homem sempre teve o anseio de querer mais felicidade e esqueceu de viver a cada segundo como se este fosse o mais feliz e importante.
Obviamente o futuro incerto nos causa angústia e inquietação (estou inquieta agora), contudo sei que vivi momentos felizes que me enchem a alma de alegria e sublimação quando me recordo deles. Assim como todos os homens quero momentos de felicidade (não creio ser possível alcançar uma felicidade extrema), mas quero momentos em que eu possa dizer: - Sim! Estou feliz! Sinto-me leve como um pedaço de nuvem, ou como a brisa fria que balança as águas!

22 abril, 2011

Com o tempo a vida se faz

Quem de nós não está sujeito ao tempo? Não é possível dizer... Aliás acredito sinceramente que o tempo alimenta cada uma das vidas existentes com suas formas mais cruéis e surpreendentes possíveis.  Sem o tempo não nos modificaríamos, não seríamos mutáveis e flexíveis. Sem o tempo não seria possível aprender, e nem mesmo envelhecer com dignidade. Muitos acham que envelhecer é ruim e desastroso. Mas prefiro afirmar o que nossos pais sempre dizem e os pais de nossos pais também reafirmam : os mais velhos sabem mais do que nós, eles tem conhecimento de vida, eles tem sabedoria. O que eles tem a mais do que nós se refere a vivência que tiveram do mundo, e que nós ainda não tivemos. Eles podem não ter estudado o tanto que estudamos, ou nem mesmo saber como funciona um computador e os meios tecnológicos que hoje possuímos, mas eles sabem da vida. Sabem das peças que elas nos pregam; sabem quais reações serão geradas quando diante de um determinado fato; e no fundo sabem o que cada pessoa espera de uma outra numa determinada situação. Nossos pais sabem de nossas aflições, de nossos problemas e desejos. E não apenas porque são nossos pais, mas sim porque conhecem a vida.


Numa conversa com minha vó nas férias, aprendi muito, apesar dela não saber que estava me ensinando. Ela me contou fatos surpreendentes, falou de sua própria vida, do que gosta ou não de fazer. Falou de seus sacrifícios pelos filhos, de suas tristezas e alegrias. Me causou espanto (no sentido filosófico) com sua fé. Ela, ali, não sabia que estava me ensinando, e mal sabia o bem que me fazia. Mas ela, ali, me ajudou a crescer, me ajudou a reavaliar meus valores e desejos, meus compromissos e inquietações.


Assim como nessa conversa eu cresci, aprendi e me tornei um pouquinho sábia com relação a vida, posso dizer que com meus erros e com os erros de meus amigos, bem como com meus acertos e os acertos de meus amigos; ou simplesmente em conversas, leituras, aulas, festas, ficadas, brigas, namoros, filmes, músicas -- todas essas coisas que nos fazem um pouco mais nós mesmos e que nos fazem saber e sentir que estamos vivos -- com todas essas vivências foi possível crescer.


Me sinto mais velha hoje, e sinto saudades da adolescente e da criança que fui. Sinto falta da minha inocência, apesar de não a ter perdido por completo. Ao mesmo tempo não sinto falta alguma, porque cada detalhe, cada coisinha que vivi está em mim, no que sou hoje. Mas talvez me orgulhe de ainda manter uma ingenuidade romântica. Se me sinto melhor comigo hoje do que ontem? Bem não sei exatamente responder, mas arrisco à dizer que sim. Talvez possua um único arrependimento na vida, e este talvez meus amigos mais próximos saibam qual é, mesmo sem precisar que eu fale.


Certas coisas que vivemos nos deixam marcas que nunca serão fechadas por completo. Lembro de coisas de minha infância e de minha adolescência que me marcaram muito. Me lembro de chacotas na infância por ser gordinha; me lembro de outras chacotas na adolescência por ser a menina estranha que ouvia rock e vestia preto; e outras ainda por ser branquinha. Me lembro dos olhares ao dizer que faria Filosofia. Me lembro com muita dor da morte de um amigo que via como um irmão (Saudades Elfo!). Me lembro dos meus medos, angústias e sonhos (muitos deles perdidos com o passar do tempo). Me lembro das promessas que fiz e que me fizeram, das juras de amor eterno que nunca se cumpririam (hoje lembro disso sem remorso, e sei o quanto tudo parece tão desastroso para um adolescente). Mas sei também que tudo é necessário para que envelheçamos com saúde; aprendendo sempre, nos tornando mais sábios. Me lembro de brigas, discussões, brincadeiras, passeios, conversas na escada da minha casa (aaahhh se aquelas escadas falassem!)


Óbvio que sinto saudades de cada momento: dos ruins porque foram com eles que me tornei mais forte; e dos bons porque com eles aprendi a levar a vida com mais beleza e satisfação. Mas o tempo nos leva, a cada um de nós e, desta maneira,  nos resta viver o tempo que se prolonga com cada instante que passa. Só com o tempo foi possível cada vivência, cada experiência. E somente com ele será possível viver cada vez mais e mais. Somente com ele é possível envelhecer e nos tornar um pouco mais nós mesmos.


Sou o conjunto de minhas vivências! (Os filósofos da corrente fenomenológica e existencial, adorariam essa frase. Aliás, acredito que seja de um deles uma frase bem similar à esta, só não consegui lembrar a fonte exata). E junto com as minhas vivências vem o tempo, inseparável e indispensável . Somente com o tempo é que concretizo as minhas vivências; a cada instante do tempo eu vivo, sou e estou aqui.