"PALAVRAS NÃO SÃO A ÚNICA MANEIRA DE SE DIZER ÀS PESSOAS O QUE SE QUER DIZER."

22 outubro, 2009

Destino?

O que determina o destino?
Essa pergunta soa um tanto estúpida, quando os céticos e a maioria absoluta tentam entender o destino como algo que não podemos controlar. É estranho como a sabedoria popular diz coisas que fazem tanto sentido e ao mesmo tempo não diz nada. Por outro lado é ainda mais estranho como a sabedoria popular consegue dizer tantas verdades, mesmo que para o entendimento da maioria seja distorcido para que o sofrimento não os atinja.
É muito mais simples tirar toda a responsabilidade de nossas ações, de nossas mãos e as jogar nas mãos do destino. Fazemos escolhas, mesmo que não saibamos em que elas podem acarretar.
Essa é uma verdade tão simples e que é tão distorcida. Essa é uma verdade que muitos não querem aceitar e entender.

Dizer que o destino depende de nós mesmos seria destruir a existência de Deus?
Essa é outra pergunta que mesmos os céticos não deveriam se atraver a responder, afinal o seu sentido exato é: Deus existe e é "maior" que nós aponto de apenas sermos seus brinquedinhos?
Com toda certeza a resposta é não.
Mesmo que ele exista, ele não brincaria com sentimentos tão nobres, sentimentos que nos fez sentir. Mesmo que ele não exista, e queiramos fingir que sim, isso não apaga a nossa capacidade de pensar sobre o que fazemos. E mesmo que ele não exista e saibamos disso, não podemos esquecer que somos capazes de contribuir para tantos eventos que ocorrem ao nosso redor, que seria estupidez pensarmos só em nós mesmos. E ainda, mesmo que ele exista e saibamos, não devemos pensar que ele nos dará sempre o melhor sem esperar que lutemos por isso, ou que ao menos mereçamos isso.

Somos responsáveis por nossas ações, por nossas escolhas, e somos responsáveis por nosso destino mesmo que ele seja aberto e entregue às estrelas através do acaso. O acaso de nossas possibilidades é sempre aberto por uma de nossas escolhas que foi realizada anteriormente.

Somos tão capazes de tantas coisas. Mas somos tão frágeis. Sempre é mais fácil acreditar que tudo aconteceu porque outro escolheu por nós; e é sempre mais fácil dizer e aceitar "que assim é que tinha que ser".

Quando colocamos as coisas dessa maneira tiramos o que de dívino temos em nós.; o que de mais próximo temos com os deuses. Quando nos tornamos pequinininos diante do sofrimento que a vida nos impõe à todo momento, e numa atitude deixamos tudo na mão do que chamamos de destino, acabamos com o que de mais esplendoroso nos torna o que somos.

É mágico pensarmos que existe algo além, mas é ainda mais mágico pensarmos que esse algo foi capaz de deixar o teatro seguir seus atos conforme o texto que nós mesmo escrevemos.


Deus seria então o espectador da obra de arte que ele mesmo criou?
Eu diria que Deus é o diretor. Ele rege a vida, mas sem interferir na atuação, ou no papel do personagem na história. Deus só lança as sugestões (possibilidades), para que nós, através de nossos próprios instrumentos e características, possamos atuar de maneira graciosa no teatro do tempo e do universo.

Tomar em nossas mãos o que somos é algo tão difícil e intenso.
Tomar em nossas mãos o que fazemos como nossa responsabilidade é muito pesado.

Mas ainda assim, tomar em nossas mãos o que nos cabe dizer as estrelas é intransferível.
Encontrar as estrelas é abrir a clareira entre as nuvens;
É fazer cada gota de chuva seguir o seu curso até o solo e molhá-lo.
É fazer florescer cada grão que foi germinado.

O que devemos dizer às estrelas é intransponível.
Tocar as estrelas é seguir o curso do rio.
É o vento levar as flores, folhas, pólen e poeira para qualquer lugar indeterminado.
É destinar os olhos para que vejam o ser.



2 comentários:

  1. A este post respondo com duas citações:

    "Não há destino senão o que fazemos" - sem fonte

    "Saber se o homem é livre exige saber se ele pode ter um amo. A absurdidade particular deste problema é que a própria noção que possibilita o problema da liberdade lhe retira, ao mesmo tempo, todo o seu sentido. Porque diante de Deus, mais que um problema da liberdade, há um problema do mal. A alternativa conhecida: ou não somos livres e o responsável pelo mal é Deus todo-poderoso, ou somos livres e responsáveis, mas Deus não é todo-poderoso. Todas as sutilezas das escolas nada acrescentaram nem tiraram de decisivo a este paradoxo." - Albert Camus

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  2. Gostei do texto.
    Mas diferentemente do que foi escrito, não compreenderia Deus como sendo um diretor. Acho que a vida é justamente isso, não haver um diretor que nos ajudará e dirá como fazer as coisas para o grande espetáculo final. Nem espetáculo final não existe. A vida já é um ensaio e a atuação. Não temos como corrigir os erros...
    Se deus existe ele é um diretor mudo e cego.

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