Procurando o SER...
por Vanessa Delazeri Mocellin
17 maio, 2024
A morte e os rastros do luto
16 maio, 2024
despedida da Tia Meire
04 agosto, 2023
três meses sem nosso Rajinho
28 abril, 2023
A despedida do Chico
01 março, 2023
Sempre o mesmo
27 outubro, 2022
A virada
11 julho, 2022
Dar pouco de si?
15 março, 2022
volta pra mim?
19 fevereiro, 2022
Criar e produzir como modo de identidade.
23 novembro, 2021
Um grito da ausência
15 outubro, 2021
falta um pedaço
03 maio, 2021
mais uma despedida
06 abril, 2021
dor da morte
24 março, 2021
19 março, 2021
Como seguir sem você?
15 março, 2021
A saudade sem fim
19 fevereiro, 2021
A recusa
01 março, 2020
vazio do-eu
19 janeiro, 2020
Só talvez
17 janeiro, 2020
Em um relacionamento
12 janeiro, 2020
horizonte
11 janeiro, 2020
construindo o futuro
26 julho, 2019
Dores, sonhos e eus
Certas descobertas nos movimentam de dentro pra fora. Certas descobertas são tão velhas e nos assustam, por terem estado sempre ali, mas se apresentam como a novidade que nos reconstroem.
Reconstruções nunca são fáceis. Uma reforma de si pede muito mais do que a simples expectativa do hoje. Como se reconstruir com o que resta do seu passado? Como fazer algo velho ser novo, e ressignificar suas dores e expectativas?
Ressignificar é antes tornar uma dor em sonho. Ressignificar é muito maior que aceitar, é transfigurar a realidade em possibilidade. Mas como dar sentido ao possível? Como transformar o medo em esperança?
Temos obstáculos internos que nos impedem de descobrirmos nossos próprios eus, nossos desejos mais internos. Nos boicotamos a todo instante, considerando a dor a única saída possível, por não acreditar na própria força que existe dentro de nós. Recapitulamos sofrimentos como verdadeiros, impedindo que o ressignificado floresça. Afastar as ditas verdades mais profundas, afastar a sombra dos medos e sofrimentos é a única possibilidade de recomeço, de conquista de sonhos e reconstrução do eu. Afastar todas as ideias pré-concebidas, pré -conceitos estabelecidos, imposições sociais e familiares. Reconstruir cada pedacinho com a verdade que temos dentro de nosso ser, com aquela luz que temos dentro de nós e que nos guia em cada passo, em cada transpor até a clareira... A clareira da mente, a clareira da alma, lá onde encontramos as estrelas.
26 março, 2019
Até logo, minha Bibis
Demorei alguns dias para conseguir escrever aqui sobre isso. Esse blog é como se fosse um caderno de sentimentos e as vezes expressá-los é mais difícil do que se pode imaginar.
Perdi minha Bibis. Ela partiu no último sábado dia 23/03/2019. Não sei se por negligência veterinária ou descuidado por parte do namorido. Sim, pode ter só sido destino, no entanto a Bibis estava com anemia por causa da Felv + quando foi levada ao veterinário. E a veterinária não fez a transfusao de sangue, não a deixou internada com sonda para se alimentar melhor, sendo que estes procedimentos pelo que pesquisei são consenso nesses caso. Simplesmente deu ricovery e ferro e mandou pra casa. Dureante a noite de sexta, ela piorou muito, e a veterinário disse pra continuar dando comida e soro, somente. Meu gato estava morrendo e mesmo com pedido de socorro, de emergência nada foi feito, só um vamos ver, tem que esperar. Isso magoou demais, um descaso que retirou a chance da minha pequena, da minha bolinha sobreviver e se recuperar.
Eu não estava lá quando ela partiu, eu estava no meio de uma viagem, estava na casa dos meus pais, e tudo aconteceu tão rápido, pouco mais de 24 horas. Nem chegar pra ficar ao lado dela nesse lime tô difícil eu pude. Me culpo pela viagem, talvez ela tenha comido pior sem eu por perto. Culpo o namorido, pois ele não seguiu minhas recomendações para dar as comidinhas, os franguinhos para ela, o que pode ter feito ela perder muito ferro nesses últimos dias. Mas principalmente estou indignada com a veterinária. Eu confiei nela, achei que soubesse o que estava fazendo, entretanto me pergunto o porquê ela não fez a transfusao Jô momento que a Bibis chegou em sua clínica, sendo que ela apresentava as mucosas brancas, com claros sinais de anemia grave. Ela tinha o dever de falar da possibilidade, e eu deveria tomar a decisão. Não me conformo que perdi um grande amor, uma gatinha que me ensinou tanto porque não foi feito tudo que se podia. Ela poderia não ter resistido, sim podia. Mas ainda assim, eu gostaria de ter tentado, pelo menos eu teria a certeza q fiz de tudo para não perdê-la.
Ficou a dor, a saudades, um vazio imenso que nem sei como mensurar. A dor que sinto hoje, não vai passar tão fácil. Lembrar dela correndo, brincando, pegando sol, no meu colo, se esfregando nas minhas perdas, a confiança e amor que ela tinha por mim, dói muito. Eu perdi tudo isso. Eu não pude segurá-la no colo uma última vez. Eu não pude dizer que a amava muito. E essa dor, esse vazio de estar no mesmo lugar e não ter ela por perto, não pode ser explicado ou superado.
A Bibis era única, demoramos quase 10 meses para poder fazer carinho nela. Era muito desconfiada e assustada, tinha medo de toda e qualquer mão em sua direção. Mas depois que confiou mais, começou a se esfregar alucinadamente, e ao se esfregar nas minhas pernas eu fazia carinho nela, sem que ela visse minhas mãos. Depois ao passar do tempo, consegui lhe dar colo, pegar ela no colo e dar uma apertadinha! Ela adorava! E o momento mais feliz da minha vida, quando ela vinha, subia no sofá e no meu colo, e dormia tranquilamente. Agora não terei mais isso, não terei a Bibis no meu colo, não terei o seu amor por perto... Ficou o vazio de não a ver brincando na garagem, de não a ver pegando sol que ela tanto adorava, de não a ver. Pretendo na grana e arranhando uma resto de tronco! Não terei ela andando atrás de mim, não terei ela arranhando a cobrinha na minha porta e tão pouco o som dela bebendo água! E como bebia água! Ficou um amor, uma saudades e uma dor que nunca saberei explicar. Queria vc aqui comigo, mais um tempo, pra compartilhar ainda mais amor. Queria ter tido mais tempo com vc....
Não sei se voltarei a confiar na veterinária, e também não sei se o namorido entendeu a importância de não mudar os hábitos dos gatinhos, não sei se consiguirei não culpá-lo por não ter seguido o que pedi. Só sei, que a morte da Bibis foi uma sucessão de erros, todos erramos é verdade, mas quando há uma vida em jogo, cada erro pode ser fatal, e foi o q houve.
Eu só gostaria de ter estado ao lado da Bibis no momento que ela mais precisou de mim. Eu gostaria de ter salvado a minha Bibis. Eu gostaria que Deus tivesse permitido que ela ficasse mais um tempo comigo. Nunca vou te esquecer, nunca vou esquecer o seu jeitinho e o modo como me olhava... Eu te amo minha Bibis! Eu te amo muito! E não sei como vou seguir a vida sem você. Espero que essa sua partida, seja apenas um até logo...
21 fevereiro, 2019
Um sofrimento
O sofrimento pode ser físico, emocional, mental, momentâneo, duradouro. Pode parecer infinito às vezes, pode nos levar a delírios e tristezas profundas. Quando algo nos machuca e não conseguimos resolver, aquilo passa a pulsar junto com o sangue que corre nas veias, passa a pulsar entre os pensamentos diários, passa a vivenciar cada instante da nossa vida.
Precisamos resolver os sofrimentos, principalmente os emocionais. Eles são os mais perigosos, nos levam a todos os outros. A incerteza da resolução de um problema pode nos tirar de todos os eixos.
Mas qual a solução então? Seria não ter expectiva de solução? Seria guardar o sofrimento e fingir que ele não está em você? A expectativa nos causa ansiedade. Então se conseguimos não alimentá-la, seria um caminho. Mas como não alimentá-la? E fingir a não existência nos leva a loucura. Fingir a não existência agora pode ser a solução momentânea, mas no decorrer do tempo nos leva a deficiência de nós mesmos, nos leva a um vazio e a transformação do que somos para algo mais distante do que já fomos ou seremos. Perdemos nosso futuro. Como resolver então?
Os problemas emocionais precisam ser resolvidos, e é preciso partir de si mesmo, entender que existem problemas que só devem ser aceitos, mas que não podem ser resolvidos, pois não dependem de você. E aos que dependem só de você, para além de uma aceitação, é necessário mudança. Mudança de condutas, mudança de pensamentos, mudança de olhar.
11 janeiro, 2019
As mãos
As mãos falam mais do que gostaríamos. Elas escrevem palavras no papel, passam pra ele o que nossa mente pensa e o que nosso coração sente. Mas as mãos mais do que escreverem palavras, mostram nossa vivência, com seus calos e rugas, manchas e cicatrizes. As mãos dizem se trabalhamos com coisas manuais e duras, se pegamos sol demais, ou se ficamos horas enfornados dentro de uma sala em frente ao computador. Além de contar a nossa história, as mãos também, através de um toque, dizem o que o outro está sentindo, as mãos apaziguam a dor de outro, a mão dá amor, dá dor, dá carinho, dá angústia... A mãos dão adeus. Mas há vários tipos de adeus que as mãos proferem, o adeus das palavras, o adeus da morte, do abraço que aconchega, o adeus do último carinho que não vai mais se repetir. As mãos são o símbolo da humanidade. Elas e seus polegares opositores que nos permitem tantas coisas, pegar coisas, produzir instrumentos variados, tocar música, fazer sinais, escrever palavras, mas principalmente tocar o outro e dar adeus, reproduzem antes os sentimentos e pensamentos, e não pode haver no mundo junção mais humana que das articulações do coração, da mente e do corpo são formadas. As mãos são a lembrança de um toque, de uma vida, de um sonho... As mãos, e, somente elas, são os sentimentos inscritos no ser de cada um.
06 maio, 2018
Não mais do mesmo
Fazem mais ou menos dois anos que não escrevo nada neste blog. São dois anos que se passaram em silêncio. Estava lendo minha ultima postagem, e ela continua tão atual. Sinal de que o meu estado do espirito anterior não fora modificado até agora. Isso é grave.
Passei muito tempo anestesiada na minha vida. Ainda sinto que a anestesia não passou completamente. Sinto como se algo dentro de mim estivesse partido e o brilho se esvaído. Não me reconheço mais, já faz muito tempo. Aliás, faz muito tempo que sei que me perdi num caminho que não encontro retorno. Dentro de um vazio de vontades, tento entre cores, desenhos e texturas achar um pouco do brilho que se foi. Mas não, não encontro. O cinza, o negro e o branco do vazio permanecem dentro de mim. Sentimentos se modificaram, os modos de ver as coisas se tornaram mais duros. A minha ingênua inocência se perdeu num caminho que não se faz possível mais. Dizem que a Filosofia é um caminho sem volta, que você passa a ver coisas que não via antes da abertura à Filosofia. No entanto, juntar esta abertura a experiencia vivida da vida, te faz não ter esperanças. Você se depara com um despertar que nunca sairá de seu ser. Um despertar que não tem remédio, não tem remédio algum que te faça dormir novamente. A vida se torna mais negra e sem explicações, mesmo diante das explicações racionais que possa encontrar dentro dos livros. Não explicações de vida, explicações do coração. Entre cores e texturas, meu coração se pinta de preto e cinza em cada linha. Eu me vejo mais desinteressante. Não tenho mais o mesmo brilho nos olhos que um dia tivera. Continuo a mesma, mas não sou mais a mesma que fui. Ironia do devir. Ironia do tempo e das experiencias. Queria ter permanecido igual. Queria ser a mesma, mas não mais do mesmo sentimento que fora plantado dentro de mim uma tarde de solidão.
25 março, 2016
tudo vira pó
O que significa uma despedida? Despedida? Uma despedida de tudo que já foi e mora dentro de você? Como escrever palavras e depois tentar apagá-las de você? Não vejo solução. Não vejo saída para tantas coisas ditas e que não podem ser esquecidas. Não vejo como recomeçar. Não há solução para coisas já vividas, não sei se podemos simplesmente esquecer e recomeçar de um ponto para além do passado. O vento te leva, os sentimentos te levam para um caminho sem volta, para um caminho que já fora trilhado antes, e que seu coração quer rejeitar. São tantas mágoas, tantos medos. São tantas dúvidas, tantos pensamentos difíceis de não ter. É tão triste perceber uma história acabar simplesmente. É tão triste os sonhos se esvaírem. Deixei de sonhar. Perdi a ingenuidade que havia no meu coração. A vida é muito dura. As coisas simplesmente deixam de ser. As coisas simplesmente se destroem, viram pó.
28 abril, 2015
Rédeas onde estás tu?
Tenho me sentido tão desanimada. Queria tanto fazer tudo que planejei que desejei. No entanto, os dias e os momentos estão me levando para longe de tudo que pensei. O acaso sempre agindo sem trégua. Como posso retomar o meu caminho? Como posso retomar as rédeas da minha alma?
22 abril, 2015
O adeus das estrelas e dos astros
Às vezes a gente acredita que uma despedida não será dolorida. A gente acredita que fazendo o correto e o melhor nosso coração vai se acalmar, no entanto nem sempre o correto e o melhor é o que a gente realmente quer. Bate o arrependimento, bate a saudade. E o pensamento, de que tudo poderia ter sido diferente, que as dificuldades poderiam ser superadas, aparece. Meu coração está inquieto. Minha razão sabe que foi melhor. A saudade será inevitável... E o adeus recoará pelos céus através das estrelas e dos astros.
18 abril, 2015
Pensar e sentir
Difícil sentir sem pensar sobre o sentir.
Difícil não se dar conta que para sentir pensamos.
Difícil fazer a mera sensação não perpassar pela mente.
Indelicado seria pensar sem sentir.
Racionalidade que fazes com meus sentidos?
Razão porque não liberta meu sentir para sentir além de meu pensar?
Certas coisas nos fazem pensar mais do que gostaríamos. Certas coisas nos tomam por inteiro. Palavras nem sempre podem refletir tudo que está no espelho de sua alma, no entanto palavras são o que nos sobram quando o olhar e os gestos não conseguem mais dizer. Um vazio para além dos pensamentos. Um encontro que já não tem significado. E onde encontrá -lo?
Falta
Tenho sentido falta
de me encontrar comigo mesma.
Tenho sentido falta
de gritar o meu jeito.
Tenho sentido falta
de carregar na mochila
mais coisas da vida.
Muitas vezes sentimos falta,
E é tanta coisa que falta
Que identificar a falta que nos falta
Já faz falta.
Queria estar com o que me faz falta agora...
23 dezembro, 2013
Sem ritmo
com dor,
emoção perde,
razão triunfa.
Tensão, correria,
a tarde que caía,
a solidão que chegava.
O tempo e seu tic-tac.
Constante, constante...
Discordante.
Do ritmo da alma que navega,
Os passos que se desfazem.
Não há escolha.
Há destino.
Solidão que se faz.
Pedra rola.
Planta que nasce.
E morre.
E morre junto o amor e a dor.
Morre o individuo e sua consciência.
Que consciência pode haver?
Não há. Apenas.
Nada é. Nada se faz.
O que há é o incontrolável....
o incontrolável que determina o nada,
e multiplica a solidão.
Não era pra ser tempo de amor?
Hoje estive me perguntando se as minhas expectativas podem ser compreendidas por outros, ou se ao menos meus medos podem ser amenizados por palavras doces e carinho.
É difícil dizer o que se passa por nossa cabeça, quando estamos diante de situações limite. E aqui digo, situações limite, pois muitas vezes o que nos condena à dor e desesperança não é se quer um pedacinho do que outro pode suportar (ou negar).
Num dia como hoje, pré-véspera de uma das festas que deveria celebrar o amor, a união, a paz, o perdão, a compreensão, enfim, apenas sentimentos bons que deveriam renovar o espirito para o inicio do novo ano, milhares de pessoas estão brigadas com suas famílias e pessoas que amam, pelos mais diversos motivos, como a incompreensão, a ignorância e princialmente o orgulho.
Ao invés de compartilhar amor, estão compartilhando ódio, dor, angústia. Esses sentimentos nos ensinam muito, sim. Mas também podem maltratar alguém despreparado para enfrentá-los. Eles nos ensinam, mas não são necessários.
Me pergunto, então, o porquê as pessoas não celebram o amor. Por que as pessoas não procuram se aproximar das que estão distantes e renovar os votos de amor? Por que as pessoas não se elevam, e estendem a mão para aquela que não é mais fraca, e que não consegue dar o primeiro passo para a nobreza do amor?
Presentes, ceias, comidas, nenhuma dessas coisas podem ser significativas se com elas não vier o amor e a compreensão, e também o perdão e a união.
Hoje, estou sozinha, com o coração repleto de amor para compartilhar. Mas sem ninguém para receber este amor. Talvez ele possa viajar em pensamentos até as pessoas que amo. Talvez ele simplesmente se torne dor e eu tenha que aprender algo com ela. Mas, o que mais queria, era poder estar próximo das pessoas que amo e que elas recebessem esse amor com mais amor.
28 abril, 2013
25 abril, 2013
Tolerância religiosa??
21 novembro, 2012
Palavras da alma
O cansaço aparece, o sono se esvai
As palavras não cansam nunca, elas querem fugir
Mas não sobra nada
não sobra nem sentimento
As palavras que sempre me cansam
O sono da alma que sempre se manifesta
As palavras dormem
A alma se desmonta
06 maio, 2012
Sendo, Devindo
de volta ao vazio de apenas ser,
ser que continua sendo e deixa de ser logo em seguida,
segue sua dança diante dos dias...
dança a dança da vida o ser de meu sendo...
dance sem párar,
porque o tempo também não pára para me esperar...
e as folhas, e o vento, e a terra,
tudo continua sendo em sua dança inconstantemente constante....
segue, segue...vai!
Não deixe de ser
nem por um segundo o que deve ser..
Deixa o seu mundo gritar
dentro de si....
Sendo, sendo,
sendo a cada passagem...
continua, continua
a cada nova virada....
03 outubro, 2011
Pensamentos
Pensamentos viáveis, pensamentos injuriáveis.
Serenidade, silêncio da dor.
Silêncio, dor manifesta.
Pensamentos serenos, pensamentos dolorosos,
Todos no silêncio da alma.
18 maio, 2011
10 ANOS DE SAUDADES
Talvez essa não seja a melhor maneira de mostrar o quanto esses 10 anos que se passaram, deixaram marcas. Certas marcas não podem ser apagadas, e tão pouco podem ser esquecidas. Nos acostumamos a lembrar apenas das coisas ruins, afinal são elas que nos forçam à crescer, à envelhecer a alma.
Talvez meus olhos já demonstrem o quanto envelheci nesses últimos 10 anos. Humm, é engraçado falar assim: "os últimos 10 anos..."; afinal parece que tenho uns 50 e só tenho 24. Os últimos 10 anos foram a metade de minha pequena existência consciente. A metade de uma existência que como qualquer outra carrega marcas que doem muito... Lembranças belas, felizes que sempre vêem acompanhadas de outras dolorosas...
Como esquece-las? Como viver com elas? Como é possível lembrar de cada uma e não sentir nada? Acredito sinceramente que os últimos 10 anos foram os mais difíceis, e que, é essa fase, por qual passei, que é a mais difícil pra qualquer existência. Nesses últimos 10 anos tive de perder a inocência, encarar dores insuportáveis, cicatrizar feridas e tentar continuar em frente, virar mais responsável... Acredito que por isso se passa de fase como num vídeo game, e se vira adulto... Porque ser adulto é entender que há sofrimentos inevitáveis, sofrimentos que nunca serão apagados por completo, porque já não existe mais inocência, ela foi morta em algum lugar do cominho percorrido... Talvez seja por isso que o amor para o humano é tão importante... talvez seja porque o amor trás de volta à vida um pouquinho daquela inocência trucidada... um pouquinho que havia restado e estava escondido no fundinho do coração, com medo de sair e se ferir, com medo de não sobreviver ao que a vida ainda nos reserva.
Foram tantos momentos que me deixaram marcas... mas quero hoje dia 18/05/2011, relembrar uma momento, um momento que marca enfim o inicio dos meus últimos 10 anos, foi ali que meu pequeno e jovem coração recebeu a primeira e verdadeira marca, talvez a mais difícil e inesquecível devido a minha idade na época:
Com 14 anos, ao voltar da escola conversando com um amigo, o Faquir, sobre armas, que fez questão de me deixar em casa, resolvi fazer minhas unhas como sempre fazia nas sextas-feiras, mas desta vez não liguei a TV e nem vi o jornal regional... E no silencio de minha casa recebo por volta das 20:30h um telefonema desesperado de meu irmão, dizendo que o ELFO havia se matado... Estranhamente, o Faquir era também era amigo do ELFO, e estranhamente ele morreu com tiros... a morte de um amigo, um amigo que eu admirava muito, por todo seu caráter, amizade e porque não dizer amor? Sim! Ele tinha um amor e uma paixão pela vida que eu admirava muito, seus olhos me diziam isso, e eu desejava que ele continuasse sendo meu amigo, que ele continuasse sendo o que ele era, uma pessoa tão especial e especial por sua sinceridade e ousadia, por seu amor à vida e às pequenas coisas da vida... ele nunca cometeria suicídio.... Nunca havia visto meu irmão chorar com tanta sinceridade como vi naquele dia... nunca vou esquecer a dor que vi em seus olhos... Depois de um tempo, de um enterro e um velório doloroso, a verdade se desvela... Ele não se matou e nem matou a namorada, a certeza era que a policia havia entrado atirando, por causa de uma situação tão dúbia... Ele havia ido cobrar um colega, ele havia vendido cartas de magic para esse colega, e havia vendido para ajudar a mãe dele... Mas esse colega se recusou a pagar, eles brigaram, e no meio da confusão o colega cobrado,chamou a policia que entrou atirando... O fato é que esse colega negou que conhecia o ELFO, o fato é que ele disse que estava sendo assaltado, o fato é que ele matou um amigo... ele é o culpado por ter mentido ao chamar a policia, e após o ocorrido ainda continuar negando... Droga!! Eles se conheciam, ele haviam realizado juntos um campeonato de RPG no shopping da cidade! E a policia tentou esconder que havia matado dois adolescentes falando de suicídio, mas O ELFO levou 7 tiros e sua namorada, um no olho esquerdo... Nunca vou esquecer que no dia anterior ao ocorrido o ELFO foi até a minha casa, mas não subiu, e nesse dia ele e meu irmão voltaram a se falar... O ELFO havia brigado com meu irmão, pois ele havia visto meu irmão me batendo... grande besteira de irmãos... tentei varias vezes fazer o ELFO falar com meu irmão durante essa briguinha, mas só um dia antes eles voltaram a se falar... só um dia antes... e nesse dia eu não fui falar com ele, e me lembro de ter pensado: amanha falo com ele, estou com preguiça de descer... Não houve amanhã... Mas pelo menos meu irmão e o ELFO retomaram um amizade tão bonita... eles eram quase irmãos, irmãos de coração... e eu me sentia a irmãzinha caçula dos dois, que aprendia com as conversas deles, e que eles juntos me ensinavam muito... O ELFOaté lembrou que eu dava vários cartõeszinhos para a mãe dele... ela havia sido minha professora de educação artística no ensino fundamental... Sempre que ele me encontrava voltando da escola sozinha, ele fazia questão de me deixar em casa, como um irmão faz... como ele fazia com os irmãos dele... sempre o via levando seu irmãozinho pra escola e pra casa... Saudades amigo! Já fazem 10 anos! Saudades... Espero que onde quer que você esteja, estejas feliz e que não fique com estas lágrimas que hoje choro por você, e que muitos devem estar chorando junto comigo, por que são lágrimas de um sincero amor... são lágrimas de saudades, saudades de um amigo muito querido... Sempre que olho pro céu eu tenho a certeza que você é a estrela mais bonita, brilhando pra deixar as noites mais bonitas e doces... Sei que estás olhando por cada um de nós... eu acredito nisso...
02 maio, 2011
Existe a felicidade?
22 abril, 2011
Com o tempo a vida se faz
Numa conversa com minha vó nas férias, aprendi muito, apesar dela não saber que estava me ensinando. Ela me contou fatos surpreendentes, falou de sua própria vida, do que gosta ou não de fazer. Falou de seus sacrifícios pelos filhos, de suas tristezas e alegrias. Me causou espanto (no sentido filosófico) com sua fé. Ela, ali, não sabia que estava me ensinando, e mal sabia o bem que me fazia. Mas ela, ali, me ajudou a crescer, me ajudou a reavaliar meus valores e desejos, meus compromissos e inquietações.
Assim como nessa conversa eu cresci, aprendi e me tornei um pouquinho sábia com relação a vida, posso dizer que com meus erros e com os erros de meus amigos, bem como com meus acertos e os acertos de meus amigos; ou simplesmente em conversas, leituras, aulas, festas, ficadas, brigas, namoros, filmes, músicas -- todas essas coisas que nos fazem um pouco mais nós mesmos e que nos fazem saber e sentir que estamos vivos -- com todas essas vivências foi possível crescer.
Me sinto mais velha hoje, e sinto saudades da adolescente e da criança que fui. Sinto falta da minha inocência, apesar de não a ter perdido por completo. Ao mesmo tempo não sinto falta alguma, porque cada detalhe, cada coisinha que vivi está em mim, no que sou hoje. Mas talvez me orgulhe de ainda manter uma ingenuidade romântica. Se me sinto melhor comigo hoje do que ontem? Bem não sei exatamente responder, mas arrisco à dizer que sim. Talvez possua um único arrependimento na vida, e este talvez meus amigos mais próximos saibam qual é, mesmo sem precisar que eu fale.
Certas coisas que vivemos nos deixam marcas que nunca serão fechadas por completo. Lembro de coisas de minha infância e de minha adolescência que me marcaram muito. Me lembro de chacotas na infância por ser gordinha; me lembro de outras chacotas na adolescência por ser a menina estranha que ouvia rock e vestia preto; e outras ainda por ser branquinha. Me lembro dos olhares ao dizer que faria Filosofia. Me lembro com muita dor da morte de um amigo que via como um irmão (Saudades Elfo!). Me lembro dos meus medos, angústias e sonhos (muitos deles perdidos com o passar do tempo). Me lembro das promessas que fiz e que me fizeram, das juras de amor eterno que nunca se cumpririam (hoje lembro disso sem remorso, e sei o quanto tudo parece tão desastroso para um adolescente). Mas sei também que tudo é necessário para que envelheçamos com saúde; aprendendo sempre, nos tornando mais sábios. Me lembro de brigas, discussões, brincadeiras, passeios, conversas na escada da minha casa (aaahhh se aquelas escadas falassem!)
Óbvio que sinto saudades de cada momento: dos ruins porque foram com eles que me tornei mais forte; e dos bons porque com eles aprendi a levar a vida com mais beleza e satisfação. Mas o tempo nos leva, a cada um de nós e, desta maneira, nos resta viver o tempo que se prolonga com cada instante que passa. Só com o tempo foi possível cada vivência, cada experiência. E somente com ele será possível viver cada vez mais e mais. Somente com ele é possível envelhecer e nos tornar um pouco mais nós mesmos.
Sou o conjunto de minhas vivências! (Os filósofos da corrente fenomenológica e existencial, adorariam essa frase. Aliás, acredito que seja de um deles uma frase bem similar à esta, só não consegui lembrar a fonte exata). E junto com as minhas vivências vem o tempo, inseparável e indispensável . Somente com o tempo é que concretizo as minhas vivências; a cada instante do tempo eu vivo, sou e estou aqui.
27 agosto, 2010
A Filosofia pensa o Humano? (cont.)
Pois bem, a questão aqui não é o pensar a arte pela arte, e nem produzir por produzir um artefacto; o caso aqui é que o humano necessita fazer, produzir, conhecer, expressar. Ele está a todo momento se autoconstruindo, se afirmando, se singularizando, buscando sua autenticidade - são várias as terminologias usadas pelo filósofos durante a história da filosofia. Resumindo, poderia definir o ser humano como "homo faber", ele faz coisas, mas o faz por e para algo, faz pois deseja, quer, e principalmente projecta a sua vida em meio aos múltiplos desejos, características que nos levam a dizer que em tudo que o homem faz encontra-se ali a intencionalidade . Obviamente que criar e produzir são diferentes de actuar, e estas ações também dependem de aspectos do acaso, afinal a pólvora foi criada por acaso, mas só aplicada muito mais tarde, não? Entendo aqui actuar como um simplesmente acontecer, andar, ou uma pedra cair, ao passo que criar e produzir (no sentido moderno-contemporâneo) depende de uma inteligência ou mentalidade técnica, ou seja, uma maneira de pensar que foi introduzida no humano através do produzir e fazer técnico. Lembrando que os gregos nomeavam os artefactos técnicos/ utilitários e os artísticos através da mesma palavra: TECHNE.
Essa exposição inicial foi necessária para afirmar que não há arte sem sentimento ou expressão de algo - interpretação do mundo- se não existisse essas duas características na arte, produzir um quadro seria como produzir um carro nas linhas de produção, e essa não é a ideia da arte. O homem produz arte e artefactos porque possuem um objetivo com elas: os artefactos técnicos são por excelência uma intervenção no mundo, mas essa intervenção possui como finalidade a busca pelo bem-estar do homem, facilitando a supressão de suas necessidades. Mas não só isso, o homem ama produzir (conhecimento, arte, objetos), caso contrário o que seria de nosso existir se vivêssemos para nos alimentar e dormir? Pra que buscamos conhecer se não amassemos conhecer? É nossa essência conhecer, agir, e produzir. E a arte em si requer sentimento, interpretação, sensibilidade, e passar tais aspectos é o objetivo dela em si mesma.
Quanto a pensar o Humano sem atribuir o aspecto humano ao humano, posso dizer que ao se perguntar se isso é possível, já estás se autoafirmando como humano. É impossível pensar-nos sem algo que já nos caracteriza a priori. Qualquer intervenção que pensarmos estar fazendo em nossa humanidade, tentando ir contra ela, na verdade estaremos afirmando-a, pois estaremos exercitando o nosso desejo de mudar, criar, construir, aprender, conhecer, expressar, etc..
Respondi?