"PALAVRAS NÃO SÃO A ÚNICA MANEIRA DE SE DIZER ÀS PESSOAS O QUE SE QUER DIZER."

23 julho, 2009

Os casadinhos

O que seria de um pacote de biscoitos caseiros do tipo casadinhos, se não fosse exatamente 2 biscoitos feitos de sei lá o que, e uma gosminha que chamamos de goiabinha?
Pois bem, profanaram o pacote de casadinhos!! Veio um não-casado! Um separado ou solteiro. Entendo que por ser um pacote de casadinhos, deve ser um separado, pois deve ter perdido o seu par por aí, em meios aos desvios da vida. O que antes se chamaria de defeito de fábrica (mente pensando: fábrica? mas não eram biscoitos caseiros?), hoje, podemos chamar de sinal da decadência do ser! Heidegger deve estar se revirando no túmulo e dando risada da minha cara! A confirmação de que o mundo é manualidade veio através dos casadinhos! O instrumento biscoito casadinhos quebrou (falhou) e eu me dei conta do que são de fato casadinhos! E hoje, como o mundo é egoísta e solitário, nada mais normal que vir um des-casado num pacote de casadinhos! Até os casadinhos não podem mais vir casados, minha mente insana já imagina pacotes de casadinhos separados, assim como parte dos casais hoje existentes!
Afinal para quê produzir pacotes de biscoitos casadinhos, se nem os casais são mais casados? (essa deve ter sido a fonte inspiradora dos biscoitos, não?) Os casadinhos hoje são separadinhos! Será então que a fábrica não errou? Será que o pacote não foi profanado, mas sim sacramentado?

22 julho, 2009

Tornar-se

Em alguns momentos nos pegamos revirando coisas aleatórias do passado. Poderíamos chamar estes momentos apenas de melancólicos ou saudosos. Tão doce é sentir o saudosismo! No entanto ao revirar o passado nos lembramos do que fomos, e afirmamos o que nos tornamos. Não podemos apagar o passado que vivemos, e tão pouco podemos mudar as experiências e aprendizagens que constituímos dele. Mas o que me chama mais a atenção ao pensar nas coisas passadas é como mudamos, como as transformações se deram. Os gostos não são mais os mesmos, mudaram desde livros e músicas favoritas à tipos suportáveis de atitudes. Mudaram desde de modos de se vestir até modos de se portar. Mudaram desde o que você mesmo espera (exige) de si mesmo até o que espera do outro. Mudaram as expectativas, as maneiras de pensar e ver o mundo. Quando percebemos isso nos damos conta que crescemos, evoluímos ou não. Evoluímos se mudamos pra melhor ou des-evoluímos se mudamos pra pior. Algumas pessoas se tornam mais malandras, outras com mais caráter. Umas se tornam mais malandras porque simplesmente não sabem lidar nem com elas mesmas, então lidar com o outro se torna um sacrilégio. As que adquirem mais caráter aprenderam a se conhecer melhor e se tornaram mais tolerantes; aprenderam a ver as coisas se colocando do lado de fora da situação, e portanto, possuem um juízo mais autêntico. Acredito que uma conclusão simples que é possível de se tirar é que não é as coisas que se vive durante a vida que nos torna melhores ou não, mas sim como lidamos com as coisas que vivemos. Devemos acreditar na mudança, tudo muda, tudo se transforma, tudo se torna, mas mesmo estando expostos às contingências, a escolha diante das possibilidades abertas cabe à nós. As mudanças abrem as possibilidades, quais possibilidades foram abertas isto está entregue ao acaso, mas fazer das possibilidades a sua realidade, isso só depende de você.

21 julho, 2009

Surpresa!

A quietude que acalenta a alma,
a fuga para dentro de mim mesmo.
A necessidade da natureza,
a necessidade da convivência,
a necessidade de estar entre,
mesmo estando no nada!

Vazio! Cheio!
Estamos cheios de sensações...
e estamos vazios diante dos outros.
Estamos vazios de sensações...
e estamos cheios diante de nós mesmos.

Angústia! Piedade!
Dentro de nós a angústia que nos enche.
Dentro dos outros a piedade que nos perdoa.
Fora dos outros a realidade que nos condena.
Fora de nós a imagem que nos abraça.

Surpresa!
Causadora de angústia
e causadora de piedade.
Surpresa!
O vazio está dentro do cheio.
E o cheio está dentro do vazio.
Surpresa!
O cheio está fora do vazio.
E o vazio está fora do cheio.

Surpresa!
A realidade surpreende
e nos engana com suas imagens...
A realidade nos angustia
e gera a piedade...
A realidade é cheia,
e vazia ao mesmo tempo;
A realidade de nós mesmos...

20 julho, 2009

Das relações humanas

Não acredito que o que vou escrever aqui dê conta de todos os tipos de relações humanas, e muito menos que seja possível abarcar todos os tipos de exceções existentes nas relações humanas. Aqui apresento apenas um ensaio sobre algumas impressões que as relações de modo geral têm me passado. Para tanto parto de um dos pré-socráticos: Pitágoras, o pai do dualismo.

Pitágoras coloca o número na essência das coisas, cria o dualismo, no qual para se ter o próximo (o segundo) elemento é necessário se ter o primeiro, gerando uma tensão entre os dois princípios. Desta maneira, tudo é Um, e se tudo é Um, o Um já é o Dois, pois a díade só existe porque existe a monada, mas na monada já está implícita a idéia da díade. Portanto, a díade que a monada é, é intrínsecamente a díade. Sempre em cada um deles haverá a presença de cada outro. Visto que, se o Uno é, ele já é o infinito e o múltiplo, mas não é apenas a reiteração do Um. O Uno não poderia ser o múltiplo, afinal o Todo também o é; e nem poderia ter uma relação com ele mesmo, pois ele mesmo seria o Duo. Contudo, o Uno é Todo, e portanto é Múltiplo, pois para ser o Uno absoluto ele deveria ser nenhum, e partir do Uno que existe já afirma que ele é, e assim sendo, ele já é Duo.



Vejamos os 10 pares de opostos (contrários):

1-Limite / Ilimitado
2-Ímpar / Par
3-Um / Múltiplo
4-Direita / Esquerda
5-Masculino / Feminino
6-Quieto / Em movimento
7-Reto / Curvo
8-Luz / Trevas
9-Bom / Mal
10-Quadrado / Oblongo



Desta maneira, depois de explicitar a teoria Pitagórica dualista, e lembrando a lista acima de contrários que ele compôs de "qualidades" que não existem sem seus respectivos opostos, precisamos no reportar para os dias atuais, nos quais as relações humanas são explicitamente compostas de opostos. Usaremos como exemplo disso uma música atual do músico e compositor Paulinho Moska, segue abaixo a letra:

A Seta e o Alvo (Paulinho Moska)

Eu falo de amor à vida,
Você de medo da morte.
Eu falo da força do acaso
E você de azar ou sorte.

Eu ando num labirinto
E você numa estrada em linha reta.
Te chamo pra festa,
Mas você só quer atingir sua meta.
Sua meta é a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.

Eu olho pro infinito
E você de óculos escuros.
Eu digo: "Te amo!"
E você só acredita quando eu juro.

Eu lanço minha alma no espaço,
Você pisa os pés na terra.
Eu experimento o futuro
E você só lamenta não ser o que era.
E o que era?
Era a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.

Eu grito por liberdade,
Você deixa a porta se fechar.
Eu quero saber a verdade
E você se preocupa em não se machucar.

Eu corro todos os riscos,
Você diz que não tem mais vontade.
Eu me ofereço inteiro
E você se satisfaz com metade.
É a meta de uma seta no alvo,
Mas o alvo, na certa não te espera!

Então me diz qual é a graça
De já saber o fim da estrada,
Quando se parte rumo ao nada?

Sempre a meta de uma seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.

Então me diz qual é a graça
De já saber o fim da estrada,
Quando se parte rumo ao nada?

Na música acima notamos explicitamente como uma relação nos dias atuais se dá. As pessoas não mais querem se envolver de verdade, e tão pouco procuram entender os pontos de vista do outro. Esquecem que a única maneira de se conhecer de fato alguém é convivendo e sabendo ser tolerável. Na letra da música um aposta na totalidade e na possibilidade, enquanto o outro se entrega às pequenas partes e insuguranças da vida moderna.


Afinal, porque é tão difícil se relacionar? Esse texto tá parecendo um texto composto de auto-ajuda misturado com Filosofia, esta não é a intenção acreditem! Estou apenas tentando usar a Filosofia para entender os dias atuais, as pessoas e suas relações. Se relacionar tem se tornado cada vez mais difícil, visto que as pessoas tem se tornado cada vez mais egoístas, visando apenas seus próprios interesses. Mas será que não foi sempre assim? Hobbes concordaria que sempre fomos assim, mas que antes não percebíamos. Será que percebendo que o mundo é composto de opostos, e que principalmente não sabemos ceder ao oposto que está em questão, tornamos a convivência muito mais rude e difícil, e ainda, tornamos as relações muito mais liquidas?


Se até Pitágoras compunha o mundo de através de opostos, e os via como inseparáveis, se até mesmo ele compunha o mundo através de uma rede relacional entre o um e o dois, ou seja, trazendo para o ambiente das relações humanas, entre o indivíduo e o próximo, porque não tornar os opostos uma ponte relacional, ao invés de um abismo infinito?


Não quero sugerir nenhuma solução aqui, apenas uma reflexão sobre o assunto. Sugiro que pensem na composição mundana dos opostos composta por Pitágoras e a traga para os dias de hoje num âmbito relacional humano.


Como caracterizar uma relação sem que haja ao menos duas pessoas envolvidas? Difícil, não?

19 julho, 2009

E mais um dia que começa...

Estranho, estava indo dormir ontem pensando a grande finalidade de um blog, pelos termos que usei deveria escrever difícil e apenas sobre Filosofia como muitos esperariam, mas em volta com as dúvidas de sua utilidade me deparei com a "arte da vida" e com a verdadeira contemplação filosófica. Muitos acham que Filosofia é apenas discutir termos e tentar explicá-los da maneira mais rebuscada possível, bem isso é balela! Não adianta escrever difícil e muito menos explicar coisa alguma, se você não é capaz de perceber, de contemplar. Assim sendo, percebi que um blog deve conter desde coisas ínfimas até as mais complicadas, desde coisas feias e estúpidas até as mais graciosas e que expressarão certas vontades e gostos, sustos e espantos! Sim, o que deve ser escrito aqui deve surpreender independete de qual categoria foi encaixado.

Depois dessa pequena reflexão, dormi. Apaguei. Agarrei-me ao sono simples e singelo. Acordei em um pulo! O dia está lindo... O sol resolveu aparecer firme e forte depois de uma madrugada gelada e coberta de neblina. Como não se espantar com tais raios solares? Como não vislumbrar as abóbodas do Sol?! A chuva não dava trégua tinha mais de uma semana, os dias estavam nublados e sem luz, não que estas características tirassem a graça de um dia, ao contrário, muitas vezes um dia nublado e frio gera um clima muito mais harmonioso que um dia de sol em que a confusão de uma tarde na praia impera. Mas hoje, com o Sol dizendo: -Oi! Vim iluminar os teus olhos e te esquentar a pele. Percebo que cada dia tem algo especial, como de fato tem que ser. As pessoas tem o mal costume de não encontrar nada especial em um dia, de nem ao menos se esforçar para procurar e encontrar algo especial. Mas afirmo, e bato o pé diante dessa afirmação, o especial depende apenas dos detalhes, daqueles detalhes que ninguém dá importância!

Passarei meu dia hoje lendo, apenas isso, nada de especial não é? Nem festas, nem bares, nem bebidas, nem família, nem amigos. Mas este dia, este dia tem pra mim algo de muito especial, porque o Sol decidiu aquecer a terra e fazer florecer as flores. Porque a água que caiu e enxarcou o solo vai "alimentar" as flores em comunhão com o Sol. Porque o vento vai soprar no final da tarde e encerrar este dia com classe junto ao pôr-do-sol. Porque este é o teatro da vida!

18 julho, 2009

Apresentação

É estranho começar um blog, mas tenho essa vontade já faz algum tempo. Decidi hoje, em meio ao tédio de estar em período de férias, mas ainda em Florianópolis, tendo de redigir o texto do meu TCC (trabalho de conclusão de curso), começar algo que pudesse expressar um pouco de minhas idéias e de algum modo me manter mais próxima dos amigos que estão longe, ou apenas mantê-los informados das mudanças que sofro a cada dia no meu modo de pensar e como elas vêm-a-ser, ou ainda, apenas escrever o que penso e o que quero, mesmo que estas palavras não sejam lidas por ninguém exceto por mim mesma.
Comentem quando acharem que for necessário, ou quando acharem que será produtivo, ou simplesmente para dizer que gostaram ou não. Ou não comentem, caso essa seja a verdadeira vontade de vocês.
Agradeço desde já a atenção de todos.